CASUALMENTE

Quando aqui ingressamos numa canção, vamos ao percurso das emoções. Abaixo, a gravação da música em estúdio nos dará a passagem para essa viagem dos tempos, memórias e anseios de reviver o melhor dos instantes, a casualidade.

LA CANCIÓN SENTIMENTAL

É o ano de 1777, dois jesuítas espanhóis estão sentados em frente àquela construção praticamente pronta, a beber água após a pausa do exaustivo trabalho. Centenas de outras pessoas estão ali próximas aos padres, a passar todo o dia carregando e dispondo pedras. Quase trinta anos antes, em 1748, quando nem esses dois religiosos estavam no local, começou a construção do que viria a ser a Catedral daquele pequeno vilarejo perdido no mundo, a Ilha de Caobana, como os nativos a chamam. Séculos antes, em suas navegações de exploração por novos lugares, Cristóvão Colombo a encontrou e tentou batizá-la de Ilha de Juana, em homenagem à filha do rei de Espanha, mas esse nome não vingou.

Um dos padres é noviço, agitado, tem o olhar inquieto, até o suor que escorre pela sua testa parece querer um caminho mais acelerado para o destino de pingar ao chão; o outro é comedido, tem o olhar cansado de quem muito já viu e ainda assim anseia por mais tempo. Naquele intervalo da labuta de tantos afazeres para erguer o enorme templo, o primeiro indaga se valia a pena tamanho esforço, pois nem eles sabem dizer quantas almas no futuro haverão de admirar a grandiosa arquitetura. O segundo padre, com seu encargo de maturidade, diz ao iniciante que aquela construção seria para sempre. Séculos depois, pessoas que por ali passassem ainda seriam atraídas para ingressar na igreja, sentariam lá dentro e, talvez alguma, mesmo sem fazer isso de modo racional, refletindo solitária sobre sua vida e existência, perceberia que somos pequenos seres passageiros a bordo de momentos que se vão para nunca mais voltar, inclusive aquele e este.

O noviço emudeceu, ficando a conjecturar, pois custava-lhe imaginar a cena, só conseguia ver a imensa edificação. No ímpeto da juventude, abastado de certezas, ele se valeu da crueza da própria convicção em relação às torres laterais da Catedral, igualmente posicionadas, porém bem diferentes: se não foi erro, então era um planejamento grosseiro. Diante o que acabara de ouvir, o outro missionário se levantou e chamou o amigo para caminharem para ali bem próximo, até o local de onde poderiam ver o mar, na verdade, um braço do Oceano Atlântico, chamado posteriormente de Bahía de la Habana. Experiente, apontou ao jovem que olhasse para aquelas águas à sua frente. Ele o fez, mesmo sem entender. Em seguida, o seu mentor orientou que ele fechasse os olhos por instantes, depois os abrisse, para novamente encarar o mesmo pedaço de oceano. Feito isso, circunspecto, ele disse ao rapaz: “Mira, hasta el mar es lo mismo! Pero… no es igual…”.

Sim, o inquieto jesuíta constatou que era diferente o cenário até então fixado em sua memória de observador, pois as pequenas ondas cambiantes faziam novo desenho de espuma branca em fundo esverdeado. Surpreso, seus olhos brilharam; no fato de as torres não serem iguais, estaria enfim a aquela mensagem: nada neste mundo é igual quando se olha uma segunda vez. As torres diferentes assim diziam essa verdade. Ele moveu a cabeça de modo afirmativo, agradecendo aquele que tinha como seu mestre.

Catedral de la Virgen María de la Concepción Inmaculada de La Habana
Catedral de la Virgen María de la Concepción Inmaculada de La Habana

Eles ficaram ali, recebendo um pouco daquela maresia, antes de retornar ao trabalho. Não fora o velho jesuíta quem criara a preciosa lição, mas ele pôde eximiamente interpretá-la e reproduzi-la. Do canto da sua boca escapou um sorriso, como o de quem pensa ou lembra, admitindo o pecado da vaidade. Ele trouxe tal sabedoria dos seus antigos estudos da filosofia grega, estava escrito naquele livro que não poderias entrar duas vezes no mesmo rio, do pensador Heráclito, da Grécia Antiga, citado por Platão em seu diálogo Crátilo. Foi daí que se desenvolveu na Filosofia a ideia segundo a qual, quando alguém entra pela segunda vez num rio, ali já não é mais a mesma pessoa, assim como o rio também não é o mesmo.

Em relação à obra ser eterna e se transformar num ambiente de visitas constantes, o experiente padre tinha razão. Séculos se passaram, muita coisa aconteceu naquela ilha dominada pelos espanhóis ainda em 1898, até mesmo uma revolução no ano de 1959, que removeu a ditadura de Fulgencio Batista. Mas as pessoas continuavam a passar em frente à Catedral, oficialmente denominada de Catedral de la Virgen María de la Concepción Inmaculada de La Habana, e entravam naquela construção barroca do Século XVIII para meditar sobre a vida. Exatamente do modo como o paciente jesuíta previu.

E foi isso o que ocorreu com a jovem Lynn, em 2017, duzentos e quarenta anos depois daquela conversa entre os padres espanhóis. Ela entrou na Catedral após caminhar pelas ruas de Havana à procura de um sentimento perdido de sua distante infância, era difícil buscar no baú da memória algo que sequer lembrava, pois com poucos meses de idade não seria capaz de reter aquele dia tão mágico. Só tempos depois ela soubera da existência do fato, onde seu pai chegou em casa e a encontrou no colo da mãe, que a amamentava, e Pablo entoou a música feita para aquela que gerou a pequenina Lynn e lhe dava a seiva da vida. A canção era Yolanda, todos conheciam, não só naquela Ilha, mas em muitos lugares do mundo, inclusive no imenso e musical país chamado Brasil, trazida por Chico Buarque em versão própria, que aflorou Iolanda.

Todos os momentos são únicos, mas certamente o da criação artística é algo que transcende, e poucos o presenciam. O nascimento de uma música, por exemplo, só o próprio artista que a criou e quem esteja com ele naquele instante são os espectadores, até que múltiplos ouvidos destinatários da canção passem a fazê-la algo que pertença a uma multidão. E por vezes e vezes aquela música será interpretada por novos cantores, ou reproduzida sua gravação original décadas à frente, até séculos ela pode percorrer, no caso de sua aceitação pelas gerações seguintes.

A música que aquela frequentadora da Catedral de Havana queria ouvir novamente como se fosse pela primeira vez, ela já sabia de cor, a escutara pela voz de tantos artistas! A cantiga carregava o nome de sua mãe, Yolanda, mulher singular que se tornou plural não só por causa da versão denominada de Iolanda, mas também pelas diversas gravações que se deram em relação àquela música.

A jovem Lynn refletia no interior daquele silencioso templo. Por mais que ela ouvisse tantas vezes e em diversas vozes a música Yolanda, o que ela mais queria era a sensação da qual não lembrava, ouvi-la pela primeira vez no colo da mãe e sendo soprada pelo berço criativo do coração do seu pai, que a compôs dias antes de retornar à casa e encontrar o cenário da mulher a alimentar a filha.

A canção, a mulher, o crepúsculo, a Catedral, tudo se embaralhava em lembranças, e se Lynn mergulhasse profundamente num torpor de antigas palavras gravadas naquelas paredes pelo insondável registro da memória, ela até poderia ouvir o eco de uma sentença firmada séculos atrás por um padre que ajudou a construir aquela igreja…“Mira, hasta el mar es lo mismo! Pero… no es igual…”.

Ela andou perdidamente o dia todo pelas ruas da cidade de Havana, tentando encontrar essa canção sentimental porventura escondida nalgum beco do passado, com fé ela encontraria, dizia para si em voz alta, mas no íntimo a voz interior já anunciava o fecho daquela busca: “No volverá nunca más… ya no veré otra vez nada igual…”.

Impossível realizar aquele desejo, sem dúvida, porque teria que ser a mesma canção no exato momento em que foi cantada pela vez primeira, talvez ela esteja até escondida entre as sonoridades vindas do próprio mar, mas de nada adiantava suplicar por aquele momento, o que vinha à sua mente eram as palavras da mãe, a lhe contar as saborosas lembranças sobre o dia em que Pablo soprou Yolanda pela primeira vez. Ao contar essa história à filha, Yolanda sorria e dizia com os olhos a brilhar: exquisitos recuerdos!

 Lynn e sua mãe, Yolanda, no tempo atual. Foto de 2013, retirada de reportagem no site cancioneros.com
Lynn e sua mãe, Yolanda, no tempo atual. Foto de 2013, retirada de reportagem no site cancioneros.com

Eram recordações que Lynn gostaria de ter, porque estava casualmente no colo da mãe quando Yolanda passou a ser uma canção, mas sabia que não recordaria do fato, por ser pequena demais. Ainda assim, ela gostava de imaginar essa possibilidade. Então, de vez em quando, acessava um aplicativo de músicas em seu celular, escolhia aleatoriamente algum intérprete de Yolanda, ficava a ouvir e imaginar como teria sido a cena no dia em que ela testemunhou tudo no colo de sua mãe.

Naquele momento, teve vontade de ouvir novamente a canção, mas a gravidade do silêncio daquela Catedral a convidava para fazer isso somente do lado de fora. Ela saiu, avistou a praça e para lá caminhou, ainda a tempo de perceber o crepúsculo. Sentou-se em frente à igreja, ativou seu celular, queria dessa vez a música com sonoridade diferente, a da língua portuguesa, por isso procurou em Iolanda, a versão do Chico Buarque, amigo de seu pai, ela recorda de ter visto o artista quando ainda criança, lembra muito bem do sorriso dele e como eram animadas as conversas entre ele e Pablo.

Ao olhar a tela do celular, procurando nos arquivos de músicas do Chico, em busca de Iolanda, se deu conta de que esse artista acabara de lançar um novo disco, estava lá no aplicativo, “Caravanas” era o nome, ela não compreendeu bem o termo, mas passou a vista nas nove canções do álbum. E para sua surpresa, viu uma palavra, o nome da sétima canção, esse termo ela conhecia bem: Casualmente. Era palavra da língua espanhola. Talvez em português se tenha essa mesma palavra, pensou. Por curiosidade, acionou o play da faixa sete, e qual não foi seu espanto, ao perceber que a canção era de fato em espanhol.

tela streaming caravanas

A surpresa maior, porém, foi constatar que Casualmente era a história de uma canção sentimental perdida e que alguém queria buscá-la novamente pelas ruas de Havana. Ela não se conteve ante a emoção, o pranto veio à tona, inacreditável ouvir naquele momento a voz de Chico Buarque a cantar uma história da qual ela própria acabara de viver. Estava tudo ali, la canción, la mujer, el crepúsculo, la catedral

Por uma coincidência, que sabemos ter outros nomes a depender das convicções de cada um – destino, acaso, vontade divina – ela enxugará as lágrimas quando a canção estiver prestes a encerrar, olhará para sua frente e só então perceberá que as duas torres da Catedral são diferentes. Lynn nunca prestara atenção nisso. Será exatamente nesse instante, após ver as duas torres não iguais, que ela balbuciará as palavras “no es igual… no es igual…”. Por coincidência também, essas palavras serão as mesmas entoadas pelo cantor nos dois versos finais da música. Assim como são duas as torres da Catedral. Do mesmo modo, duas são as musas da canção sentimental que se busca escutar novamente: Yolanda e Iolanda.

O encanto da casualidade sempre faz falta, como diz a música (Pero siempre hace falta el encanto de la / Casualidad), e nesse caso tudo se deu casualmente, a partir de uma sentimental canção.

Foto retirada do site musicaememorandum.com
Foto retirada do site musicaememorandum.com

CAUSA E EFEITO

Gilberto Gil nos diz que “a arte sempre foi uma bailarina, ela sempre bailou sobre as questões humanas, todas elas, sempre se permitindo insights mais profundos, visões mais soltas, mais livres do que seja o homem em relação a tudo: as relações humanas, as ideologias, os conflitos humanos. E sempre voltada para o aprofundamento da visão humana sobre si própria, a humanidade; e sobre a natureza, o universo etc. Então são muito variadas as formas que a arte pode nos ajudar, a refletir, a entender, a compreender, a propor tarefas para o futuro” (depoimento em seu instagram, @gilbertogil, no Dia Nacional das Artes, 12 de agosto de 2020).

Esse pequeno conto, “La Canción Sentimental”, escrito sob a inspiração de Casualmente e sua possível conexão com Iolanda (Yolanda), é um bailar de bolero a partir da proposta original. A ideia de fazer uma ponte entre as duas canções só foi possível porque no show “Caravanas” (2017/2018) Chico as interpreta em sequência, primeiro Iolanda (Yolanda) e depois Casualmente. Também porque, ao saber da história de como Pablo Milanés apresentou a música Yolanda à sua mulher, com a filha Lynn nos braços, recém-nascida, pude desenvolver uma imagem desse cenário, que está em texto deste blog ao analisar a música Iolanda (Yolanda). Foi dessa perspectiva, da pequenina Lynn como espectadora privilegiada daquele instante, que percebi quão sentido fazia entrelaçar as duas músicas, exatamente como ocorre no show.

O próprio Chico nos conta sobre a trajetória de Casualmente, e nesse caso o que se percebe é a grande generosidade do Artista, ao tentar fazer a letra da música do Jorge Helder especialmente para a cantora Omara Portuondo. Um envolvente bolero, com estrutura musical desse que, além de um grande músico, se revela escultor de melodias marcantes, como foi o caso de “Bolero Blues” (2006), também letrada pelo Chico e igualmente analisada neste blog, em suas primeiras postagens.

Com a palavra, Chico Buarque.

“Dois anos atrás [2015] o Jorge Helder me mandou essa música, esse bolero, dizendo que a Omara Portuondo vinha gravar aqui um disco, e ele ia produzir o disco da Omara Portuondo, aí ele me mandou e eu falei: ‘ô Jorge, legal, então eu vou tentar fazer uma música em espanhol’. E comecei a fazer, fiz esse começo todo, falando de Havana, pois era pra Omara gravar. Eu comecei a fazer, ainda brinquei como ele, ‘está aqui, baixou um Neruda…’. E ele falou ‘chefia, não vai ter mais o disco, a Omara não pode viajar, ela não vem mais’. Então, desisti. Aí eu já tava aqui – esse ano já [2017] – no finalmente do disco, e falei: ‘puxa, tem aquela música do Jorge, o bolero… vou voltar, vou pegar!’. E acabou que eu fiz a letra toda em espanhol. Ela veio.” (Depoimento dado pelo Chico em “Por dentro do Caravanas” – Spotfy. Ao falar em “baixou um Neruda”, ele se referia certamente à inspiração no estilo do poeta chileno Pablo Neruda, que o levou a compor a letra em espanhol).

Seja de uma maneira ou de outra, é interessante observar que Casualmente nos mostra a história de um sentimento que se busca resgatar e que não mais se consegue, nunca sendo de igual sensação, o que torna cada instante único. Daí as amplas possibilidades de interpretação da música, inclusive com esse desdobramento de uma história surgida em Iolanda (Yolanda).

Chico Buarque no estúdio gravando o disco Caravanas, 2017.
Chico Buarque no estúdio gravando o disco Caravanas, 2017.

CANTARÍA QUIZÁS

Outro aspecto notável, é que a letra elaborada em espanhol pelo próprio Chico, recebe dele um aconchegante recheio em português; são os versos da estrofe inicial da música, que ele mesmo traduz em seguida.

No volverá nunca más
La canción sentimental
Que casualmente en La Habana escuché cantar
A una mujer
Como ya no veré
Otra vez nada igual

Essa parte o próprio Chico repete em português mais adiante.

Não voltará nunca mais
A canção sentimental
Que casualmente em Havana escutei cantar
Uma mulher
Como já não verei
Outra vez nada igual

Vale a pena destacar o sabor que Chico dá a certas palavras; por exemplo, ojalá, que é o nosso oxalá, bastante utilizada, de origem árabe para uns (da expressão in sha’allh, que significa se Deus quiser) e africana para outros (do iorubá Òrìsànlá). Ele oferece em português o verso detentor dessa palavra, ressaltando o oxalá, e logo no verso seguinte retorna ao espanhol.

Regressarei, oxalá
Algum dia a la ciudad

A palavra quizás presente em Casualmente, além de ser muito utilizada no espanhol, acabou tendo uma dimensão enorme em termos de sonoridade, por conta do bolero Quizás, Quizás, Quizás, mundialmente conhecido, do compositor Osvaldo Farrés, que é cubano! Então, acredito, quizás não esteja por duas vezes ali à toa.

Chico utiliza um fenômeno linguístico que envolve palavras semelhantes na grafia em línguas diversas, mas possuem significados diferentes. O doutor em linguística Valdecy Oliveira Pontes, em texto sobre esse tema, nos lembra que Antenor Nascentes, ainda nos anos 1930, denominou essa ocorrência de palavras heterossemânticas, atualmente conhecidas como “falsos cognatos”, “falsos amigos” ou “cognatos enganosos”, o que é muito comum no espanhol, por ter esse idioma uma aproximação ortográfica e de sonoridade com nossa língua, “a confundir o leitor, cuja tendência é a de se guiar pelo significado aparente do vocábulo. A palavra espanhola ‘berro’, p. ex., não significa ‘berro’, em português, mas ‘agrião’. ‘Aula’ quer dizer ‘sala de aula’ e ‘brincar” é ‘saltar’” (O tratamento dado à variação linguística na tradução dos falsos amigos nos livros de língua espanhola selecionados pelo PNLD 2011).

Chico se vale de uma dessas palavras heterossemânticas do espanhol, exquisito, que não significa esquisito, como aparenta, e sim requintado, sofisticado, algo delicioso. Daí que a expressão exquisitos recuerdos pode ser traduzida como deliciosas lembranças.

O mar de Havana. Foto retirada do site InViaggio
O mar de Havana. Foto retirada do site InViaggio

Casualmente

Jorge Helder/Chico Buarque/2017

No volverá nunca más
La canción sentimental
Que casualmente en La Habana escuché cantar
A una mujer
Como ya no veré
Otra vez nada igual

Regresaré, ojalá
Algún dia a la ciudad
Y perdidamente en sus calles voy a buscar
Por la penumbra
El momento fugaz
Que no puedo
Olvidar

Semejante canción
Sonaria quizás
Junto al mar
Sin embargo jamás
Con aquella mujer
Tan singular

Cantaría quizás
Semejante mujer
En um bar
Sin embargo jamás
La canción que le voy
A suplicar
Y suplicar

Não voltará nunca mais
A canção sentimental
Que casualmente em Havana escutei cantar
Uma mulher
Como já não verei
Outra vez nada igual

Regressarei, oxalá
Algum dia a la ciudad
Y perdidamente en sus calles voy a buscar
Por la penumbra
El momento fugaz
Que no puedo
Olvidar

Exquisitos recuerdos
Me llevam a aquella ciudad
Pero siempre hace falta el encanto de la
Casualidad

La canción, la mujer
El crepúsculo, la catedral
Hasta el mar de La Habana es lo mismo, pero
No es igual
No es igual

Tradução livre de Casualmente (com exceção dos versos já traduzidos pelo próprio Chico Buarque):

Não voltará nunca mais
A canção sentimental
Que casualmente em Havana escutei cantar
Uma mulher
Como já não verei
Outra vez nada igual

Regressarei, oxalá
Um dia para a cidade
E perdidamente em suas ruas vou procurar
Através da escuridão
O momento fugaz
Que não posso
Esquecer

Essa canção
Quiçá ecoasse
Junto ao mar
No entanto nunca
Com aquela mulher
Tão singular

Cantaria quiçá
Tal mulher
Num bar
Porém nunca
A canção que a ela hei de
Implorar
E implorar

Não voltará nunca mais
A canção sentimental
Que casualmente em Havana escutei cantar
Uma mulher
Como já não verei
Outra vez nada igual

Regressarei, oxalá
Um dia para a cidade
E perdidamente em suas ruas vou procurar
Através da escuridão
O momento fugaz
Que não posso
Esquecer

Deliciosas lembranças
Me levam àquela cidade
Mas sempre faz falta o encanto do
Acaso

A canção, a mulher
O crepúsculo, a catedral
Até o mar de Havana é o mesmo, mas
Não é igual
Não é igual

Eis o vídeo completo do show “Caravanas” (2017/2018), clique e surgirá o exato momento em que Chico interpreta Iolanda (Yolanda) e depois Casualmente.

 

Autor: mantovanni

Mantovanni Colares - um dia inesquecível: o primeiro encontro com Chico Buarque, ao me receber gentilmente no Camarim, antes de um show em Fortaleza, Ceará, Brasil (15/5/1993).

1 pensamento em “CASUALMENTE”

  1. Mantovani, mais uma vez, parabéns!
    A alegoria da conversa entre as canções, a igreja, o mar formam uma simbiose genial e bela.
    Envio meus aplausos e minha admiração!

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